Comecei por estagiar e trabalhar no serviço de Neurologia do CHUC, na área de Neuropsicologia, em consultas de avaliação e ensaios clínicos. Conhecer a arquitetura do cérebro humano e as bases neuroanatómicas da psicologia, trabalhar em meio hospitalar, em equipa transdisciplinar, foi um alicerce importantíssimo que ainda hoje me ajuda na prática clínica.
Mais tarde, emigrei para a Dinamarca onde tive a oportunidade de fazer voluntariado num centro de atividades para pessoas com problemas mentais, em Aarhus, e de trabalhar num projeto do Hospital de Copenhaga para a criação de uma aplicação de reabilitação cognitiva de pacientes com AVC.
Em 2020, foquei a minha prática na área da Fertilidade e acredito ter encontrado a minha missão. Não posso dizer que foi um interesse que despertou em mim desde logo… demorei algum tempo a compreender as bases científicas e especificidades desta área, a dominar a linguagem médica e a perceber as necessidades emocionais do público que procura engravidar.
Quando comecei, não havia quase nenhuma informação sobre o papel do psicólogo na Fertilidade e Procriação Medicamente Assistida. E isso acabou por ser bom. Fez-me aprender na prática, com os pacientes a serem os meus guias.
Percebi o quão desajustados estavam os cuidados e a comunicação ao paciente, o quão desvalorizado era o seu sofrimento (“Pense positivo”, “Vá de férias”, “Está ansiosa por quê?!”), e decidi estudar para mudar isso.
Fiz todas as formações que pude da European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE), da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução, da Associação Portuguesa de Fertilidade, entre outros.
Em termos de ciência psicológica, fiz uma pós-graduação em Terapias Cognitivo-Comportamentais, o modelo que achei que melhor ajudava estes pacientes (inclui o Mindfulness, as Terapias da Aceitação e Compromisso, a Terapia Focada na Compaixão, a Terapia dos Esquemas Emocionais), e uma pós-graduação em Psicologia da Gravidez e Parentalidade.
Por fim, coloquei-me no lugar do paciente: submeti-me a um estudo de fertilidade e avancei para a Criopreservação de Ovócitos, cujo resultado foi desolador… Percebi que uma gravidez poderia nunca acontecer, e preparei-me para isso. Passei a cuidar melhor de mim, em termos físicos e mentais, pois isso era o mais perto que eu conseguiria estar de melhorar a minha fertilidade, e passei a viver mais para mim e a atender às minhas necessidades. Um ano depois, engravidei naturalmente.
É com esta experiência profissional e pessoal que me proponho a acompanhar as pessoas que me procuram, para que possam viver os seus processos de fertilidade com coragem, leveza e serenidade.
Deixe aqui as suas dúvidas, sugestões, desabafos, inseguranças… Tentarei responder quando possível.
